Comunicação é interação, diálogo

Assim definia Paulo Freire o ato mais primário do homem, presente desde os primeiros segundos de nossa vida.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

OEA: falta liberdade de expressão no Brasil

Relatório da divisão especial para Liberdade de Expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), apresentado ontem em Washington, nos Estados Unidos, faz críticas ao ordenamento jurídico brasileiro. O documento, redigido anualmente, adverte que, apesar da derrocada da Lei de Imprensa, o Brasil não oferece segurança suficiente para que cidadãos informem sobre assuntos de interesse público sem medo de serem presos, perder seus patrimônios ou sofrer agressões.
Compilado pela juíza colombiana Catalina Botero Marino, o documento tem como base denúncias apresentadas por entidades brasileiras e internacionais que monitoram o direito à informação, como Repórteres Sem Fronteiras, Artigo 19 e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).
Ao todo, dez páginas descrevem casos de agressão, assassinato, prisão e perseguição judicial a jornalistas e cidadãos brasileiros que publicaram reportagens ou expressaram suas opiniões em público.
Entre eles está a situação emblemática da professora Maria da Glória Costa Reis, de Leopoldina (MG), que recebeu “atenção especial” da OEA e sustentou a conclusão sobre falhas jurídicas no Brasil. Maria da Glória escreveu artigo para o jornal Recomeço, de 200 exemplares, redigido por presos da cidade e publicado em agosto de 2005. Ela adotou postura crítica à situação carcerária e concluiu que “não é aceitável a conivência de magistrados, fiscais da lei, advogados, enfim, operadores de direito com tamanha barbárie”.
Mesmo sem citar nominalmente juízes, a professora foi processada e condenada por difamação. Entrou com recurso e aguarda decisão em liberdade. “A inclusão do meu caso é a maior prova de que não tem liberdade de expressão no Brasil”, reagiu Maria da Glória.
A OEA interpretou também que a proibição da Marcha da Maconha vai contra a Convenção Americana. Segundo o texto, manifestações pacíficas são legais, desde que não façam “propaganda a favor da guerra” ou “apologia de ódio nacional, racial ou religioso”.

Extraído do Jornal do Commercio

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Direito de Resposta na Mídia

MÍDIA
Senado quer regular direito de resposta
Publicado em 06.05.2009
Uma semana após o STF acabar com a Lei de Imprensa, senadores começam a desengavetar projetos que versam sobre o tema, para tapar o que consideram uma lacuna deixada pela legislação revogadaBRASÍLIA – Uma semana depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) revogar a Lei de Imprensa, o Senado decidiu desengavetar os projetos que regulamentam o direito de resposta nos meios de comunicação. A tarefa está a cargo do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que promete apresentar nova proposta em 15 dias. Antes de redigir o texto, ele quer fazer uma audiência pública para ouvir juristas e representantes do setor.
Relator de dois projetos sobre o assunto na Comissão de Ciência e Tecnologia, Demóstenes diz que é preciso definir critérios que garantam o direito de resposta a quem se julgar ofendido, mas impeçam o uso do instrumento para intimidar ou punir os jornais. “É uma questão urgente, porque a decisão do STF deixou um vazio legal. Não vamos fazer uma nova lei punitiva, e sim estabelecer parâmetros que deverão ser seguidos em casos de ofensas”, afirma.
Desde 2005, tramitam no Senado dois projetos sobre o tema. Um deles, do líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR), obriga os jornais a publicarem a resposta no mesmo espaço dedicado à reportagem contestada. Outro, de Marcelo Crivella (PRB-RJ), aumenta penas de prisão para jornalistas caso o juiz entenda que a notícia não estava baseada em “criteriosa investigação” ou que o outro lado não foi ouvido. Ontem, Crivella disse que mudou de ideia e vai retirar sua proposta de pauta.
Diretor de Relações Governamentais da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que representa as principais empresas do setor, o advogado Paulo Tonet Camargo acredita que é preciso evitar excessos contra as publicações. “O direito de resposta tem que ser eficaz para reparar a verdade quando ela for falseada. Mas precisamos impedir abusos.”
O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade, se opõe à aprovação de regras específicas para o direito de resposta e defende nova lei de imprensa, com base num substitutivo apresentado em 1997 pelo ex-deputado Vilmar Rocha (DEM-GO).
O texto prevê a publicação da resposta em até três dias, no caso de jornais diários, com “destaque, dimensões e caracteres tipográficos, no título e no texto, idênticos ao escrito ofensivo”. “A revogação da lei antiga deixou um poder imenso nas mãos dos juízes de primeira instância, o que pode dar margem a abusos”, diz Andrade.

Publicado no Jornal do Commercio

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Eduardo Galeano: a linguagem, as coisas e seus nomes


Hoje em dia, não fica bem dizer certas coisas perante a opinião pública. O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado. O imperialismo se chama globalização. As vítimas do imperialismo se chamam países em via de desenvolvimento, que é como chamar de meninos aos anões. O oportunismo se chama pragmatismo. A traição se chama realismo. Os pobres se chamam carentes, ou carenciados, ou pessoas de escassos recursos.
Eduardo Galeano
Na era vitoriana era proibido fazer menção às calças na presença de uma senhorita. Hoje em dia, não fica bem dizer certas coisas perante a opinião pública:O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado;O imperialismo se chama globalização;As vítimas do imperialismo se chamam países em via de desenvolvimento, que é como chamar de meninos aos anões;O oportunismo se chama pragmatismo;A traição se chama realismo;Os pobres se chamam carentes, ou carenciados, ou pessoas de escassos recursos;A expulsão dos meninos pobres do sistema educativo é conhecida pelo nome de deserção escolar;O direito do patrão de despedir sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral;A linguagem oficial reconhece os direitos das mulheres entre os direitos das minorias, como se a metade masculina da humanidade fosse a maioria;em lugar de ditadura militar, se diz processo.As torturas são chamadas de constrangimentos ilegais ou também pressões físicas e psicológicas;Quando os ladrões são de boa família, não são ladrões, são cleoptomaníacos;O saque dos fundos públicos pelos políticos corruptos atende ao nome deenriquecimento ilícito;Chamam-se acidentes os crimes cometidos pelos motoristas de automóveis;Em vez de cego, se diz deficiente visual;

I Curso de Extensão em Jornalismo Investigativo



Data: 18 a 29 de maio de 2009(segundas às sextas) Local: Auditório do Programa de Pós Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (PPGCOM/UFPE) Horário: 18h30 às 21h Investimento: R$ 250,00 Inscrições e informações: cursojornalismoinvestigativo@gmail.com e pelos fones 81 8894.6029 e 3269.6029 Apoio: PPGCOM/UFPE e PEbodycount (http://www.pebodycount.com.br/)Objetivos Dotar os participantes de noções aprofundadas das técnicas de apuração no jornalismo contemporâneo, aliando o conhecimento teórico acadêmico à prática profissional cotidiana. Produzir, como produto final, uma reportagem coletiva.Ementa Identificar origens da investigação na atividade jornalística; Estabelecer parâmetros do que é e como se dá a apuração; Discutir acerca da relevância da pesquisa/apuração no processo jornalístico; Apresentar técnicas de gestão de informações eletrônicas e uso de bancos de dados para o desenvolvimento de reportagens; Analisar matérias jornalísticas sob o viés da investigação; Aplicar técnicas de apuração para a construção de textos jornalísticosO curso será ministrado por:Adriana Santana Jornalista, Mestre e Doutoranda em Comunicação pela UFPE. Integra o Grupo de Pesquisa Jornalismo e Contemporaneidade, com tese sobre o rigor do método de apuração jornalística. Com o conceito de 'jornalismo cordial', analisa a falta de investigação no jornalismo contemporâneo.Eduardo Machado Jornalista (UFPE), repórter especial do Jornal do Commercio. Vencedor dos prêmios de jornalismo Esso, Embratel, Vladmir Herzog e Cristina Tavares com reportagens sobre Direitos Humanos e Segurança Pública.*Os participantes receberão certificado emitido pelo PPGCOM/UFPE